O Estado australiano de Austrália Meridional decidiu, nesta semana, pôr fim à moratória sobre o cultivo de transgênicos, depois que um levantamento mostrou perdas de 33 milhões de dólares australianos (R$ 90 milhões) desde que a medida entrou em vigor, em 2004. A região, a mais árida do País, esperava conquistar mercados e valorização de preços ao não aderir à tecnologia de modificação genética, mas não foi o que aconteceu.
A principal aposta era o mercado japonês, que já adquire óleo de canola convencional, não-transgênica, produzido na Kangaroo Island, que faz parte do Estado. Mas a previsão não se confirmou, e projeções indicam que Estado perderia outros 5 milhões de dólares australianos (R$ 13,6 milhões) se a moratória se estendesse até 2025, como previsto pela legislação anterior.
A Austrália autoriza o plantio de algodão, canola e cártamo transgênicos, bem como cultivo e importação de flores geneticamente modificadas, como cravos azuis. Além disso, há testes de campo em andamento com banana, cana-de-açúcar, mostarda, cevada e trigo transgênicos.
A decisão do governo local, chancelada pelo primeiro-ministro liberal Steven Marshall, deve agora passar por uma consulta pública por seis semanas, antes de entrar em vigor.
De acordo com o ministro da Indústria Básica e Desenvolvimento Regional, Tim Whetstone, a análise, liderada pelo professor Kym Anderson, além da frustração da expectativa de valorização das safras convencionais, a moratória prejudicou a capacidade de a região atrair investimentos para a pesquisa e desenvolvimento da agricultura.
“É hora de por fim à moratória e deixar que os agricultores decidam o que querem plantar. Isso vai aumentar a lucratividade das fazendas e a resistência à seca, além de criar novos empregos na região e atrair investimentos em pesquisa”, afirmou.
Ruth Helena Bellinghini é jornalista, especializada em ciências e saúde e editora-assistente da Revista Questão de Ciência. Foi bolsista do Marine Biological Lab (Mass., EUA) na área de Embriologia e Knight Fellow (2002-2003) do Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde seguiu programas nas áreas de Genética, Bioquímica e Câncer, entre outros