Gestão da Capes não deve ser brinquedo político

Editorial
12 ago 2021
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estante pb

Vemos como preocupantes as recentes nomeações que aconteceram no âmbito da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão essencial na estrutura da pós-graduação e da pesquisa no Brasil.

Nomeada no dia 15 de abril para assumir a presidência da Capes, Cláudia Mansani Queda de Toledo tem sido criticada por diversas sociedades científicas, e também pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP), por ter um currículo aquém do esperado para um cargo de tamanha importância para a ciência brasileira. As críticas recrudesceram com as recentes nomeações de Lívia Pelli Palumbo e Lucas Maia Felippe Bacas para assumirem, respectivamente, os cargos de diretora e coordenador-geral da Diretoria de Relações Internacionais.

Se por um lado o número de artigos publicados, livros e posições ocupadas não garante que uma pessoa desempenhará a contento alguma função ligada à administração – às vezes, excelentes pesquisadores são péssimos gestores –, também é verdade que a ausência, ou quase ausência, de antecedentes acadêmicos, somada à ausência de sucessos administrativos notáveis na gestão pública ou acadêmica, nos currículos da presidente, diretora e coordenador, que justifiquem as nomeações, sugerem um fisiologismo condenável numa instituição como a Capes.

Em resposta às críticas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a presidente da Capes justifica uma das nomeações afirmando que Lívia "é detentora de todos os requisitos legais e de competência para assumir o cargo". Decorre, porém, que os critérios efetivos de nomeação da Capes devem ir muito além do preenchimento dos "requisitos legais" mínimos para ocupar o cargo. É importante também que as competências possam ser checadas publicamente, e não fiquem restritas a opiniões de cunho pessoal.

Em uma instituição tão importante como a Capes é essencial que os gestores tenham respaldo da Academia, conquistado por meio de um currículo que os credencie para a posição que ocupam. O Brasil dispõe de vários pesquisadores com reconhecimento internacional que seriam, de início, escolhas muito mais apropriadas para os cargos que foram ocupados – neste caso, é mais indicado apostar em um currículo recheado de sucessos do que em currículos quase vazios. A ver.

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