Psicanálise: muita conversa fiada, nenhuma ciência

Dossiê Questão
25 jun 2020
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No Brasil, para a cultura popular e mesmo para a academia, a palavra “psicanálise” ainda evoca respeito e prestígio, a despeito de seu declínio no restante do mundo: nos Estados Unidos, por exemplo, escolas de psicologia sérias relegam-na ao papel de curiosidade histórica. Já na grande mídia nacional, psicanalistas compartilham, com os atores, da prerrogativa de serem chamados a opinar sobre qualquer coisa – de eleições a pandemias –, supostamente pelo insight privilegiado que teriam a respeito das motivações humanas. Mas, afinal, o que é psicanálise?

De acordo com Sigmund Freud (“Obras Completas”, 1996), a psicanálise é (1) um método de pesquisa, (2) uma forma de tratamento e (3) uma teoria. Freud (1856-1939) é considerado o pai da disciplina: a palavra “psicanálise” surge em um par de artigos publicados por ele entre 1896 e 1897. O psicólogo Gerardo Primero (2005) oferece a seguinte descrição desses três pontos:

Enquanto método de pesquisa, a psicanálise consiste em aplicar o método de livre associação e interpretação a fenômenos como pensamentos, conflitos, lembranças e desejos. Nesse sentido, a pessoa deve dizer tudo que vier à mente e o psicanalista, então, buscará um significado oculto no que poderia ter sido a causa desses fenômenos.

Como forma de tratamento, a psicanálise consiste na aplicação de métodos interpretativos para descobrir os motivos inconscientes dos fenômenos psicológicos, partindo do pressuposto de que a interpretação correta tem efeitos positivos no paciente.

Por último, enquanto teoria, a psicanálise é composta por vários conceitos e suposições gerais. O conceito mais conhecido é o de inconsciente, ou seja, a parte do aparelho psíquico (ou mente) cujo funcionamento ocorre de forma oculta, ou “paralelamente à consciência”. Supõe-se que certos pensamentos são banidos da consciência e passam para o inconsciente, mas continuam produzindo efeitos de forma simbólica (retorno do reprimido) em fenômenos como sonhos, lapsos de linguagem e sintomas físicos ou psicológicos.

Outros conceitos psicanalíticos essenciais são o de Complexo de Édipo (fase em que o menino apresenta desejos amorosos por sua mãe), a inveja do pênis por parte das meninas, as fases de desenvolvimento sexual (oral, anal, fálica, latente e genital) e as instâncias psíquicas (id, ego e superego) que explicariam nossos conflitos psicológicos.

Nenhum desses conceitos ou princípios, no entanto, encontra o menor apoio na ciência sobre cérebro e comportamento humano desenvolvida ao longo do último século. A maior parte deles, de fato, foi elaborada por Sigmund Freud a partir de observações feitas em um número pequeno de pacientes, oriundos de um contexto cultural e econômico muito específico – pacientes, ademais, pressionados e sugestionados pelo próprio Freud para concordar com as teorias do “mestre”. Há evidência histórica abundante (por exemplo, Crews, 2017) de que alguns casos-chave da gênese da psicanálise foram propositalmente distorcidos – quando não completamente inventados – por Freud, para que se encaixassem no molde de suas ideias preconcebidas.

 A psicanálise não é amparada por boas evidências científicas de eficácia clínica. A maioria dos estudos conduzidos com a prática e que mostram algum tipo de efeito positivo carece de grupos de controle, randomização e “cegagem” – elementos cruciais para testar a eficácia de qualquer técnica médica – e tem ainda outros problemas, como a desconsideração do efeito placebo ou da remissão espontânea. Algumas meta-análises utilizaram esses mesmos estudos metodologicamente pobres, como uma de 2010, para oferecer à psicanálise uma falsa aparência de ciência. Contudo, aos poucos, o mundo está abandonando a confiança que tinha na prática da psicanálise (exceto em três países: Argentina, Brasil e França).

 

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Freud e o inconsciente

O que psicólogos científicos e neurocientistas reconhecem como “inconsciente” não tem relação com Freud ou a psicanálise. Nem mesmo o suposto mérito histórico, às vezes atribuído a Freud, de ter “descoberto o inconsciente” se sustenta diante dos fatos.

A ideia de que a mente humana teria uma porção inconsciente é antiga. Em termos filosóficos e como proto-psicologia, havia recebido elaboração detalhada na obra de Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), e era conhecida por David Hume (1711-1776). Tinha sido difundida, no meio acadêmico de que Freud fazia parte, a partir da obra de Karl Robert Eduard von Hartmann, Filosofia do Inconsciente (1870). Ainda, dois dos mais conhecidos psicólogos experimentais da época, Hermann von Helmholtz e Wilhelm Wundt, escreveram sobre a interferência do inconsciente, mas não descobriram nada que corroborasse a fantasia psicanalítica.

Em sua noção de inconsciente, Freud acrescentou “um caráter inteligente” para o inconsciente – algo como um fantasma dentro de um cérebro, com personalidade e interesses próprios – sem adotar qualquer método rigoroso de investigação para testar tal hipótese. Além disso, o que ele apresentou como “evidência” para a existência desse inconsciente dinâmico foram os sonhos, os lapsus linguae (atos falhos) – que são erros de escrita, fala e memória, como dizer “cansado” em vez de “casado” –, a repressão e outros elementos que não têm nada a ver com o inconsciente proposto.

É verdade que existem processos inconscientes, como os atos involuntários, piscar e respirar, mas o que Freud fez foi apenas invocar um inconsciente metafísico com características muito mais místicas do que científicas.

 

Dez erros da psicanálise

É uma tarefa difícil sintetizar todas as críticas e refutações existentes à psicanálise. Por essa razão, vou citar apenas 10 fantasias psicanalíticas que, quando são testáveis, já foram refutadas pela ciência (Bunge, 2006).

A inferioridade intelectual e moral da mulher, a inveja do pênis, o complexo de castração, o orgasmo vaginal e anormalidade do masoquismo feminino.

Não há dados clínicos nem experimentais que apoiam essas hipóteses. A única coisa que existe são efeitos psicológicos da discriminação contra a mulher na sociedade atual.

A segunda suposição é a de que todo sonho possui conteúdo sexual, já manifestado e latente.

Incomprovável, já que, se em um sonho não aparecer nada sexual, o analista “interpretará” algo no sonho como um símbolo sexual. Mas outro analista o “interpretará” de maneira diferente.

O Complexo de Édipo e a repressão.

Não há dados confiáveis, clínicos ou antropológicos, que indiquem a existência do Complexo de Édipo. Em vez disso, temos explicações que mostram a incompatibilidade dessa hipótese com os resultados da ciência, pois sabemos que (1) o hipotálamo, que é o encarregado pela excitação sexual, não está desenvolvido até os 4 anos de idade; e (2) a evidência mostra que não existe atração do filho pela mãe e da filha pelo pai e vice-versa (exceto em casos anômalos).

Ainda, estudo científico realizado pelos sociólogos Lionel Tiger e Joseph Shepher (os quais analisaram mais de 34.000 casos procedentes dos kibutz, onde as crianças são criadas com pouco contato direto com os pais) mostrou que a familiaridade durante a infância leva a uma indiferença sexual. Gregory Leavitt, que também é sociólogo, chega a uma interpretação diferente dos dados, afirmando que há influência de fatores educativos na rejeição do incesto. Apesar disso, não há ainda qualquer sinal do Complexo de Édipo. Já a hipótese de repressão apenas serve para proteger a hipótese anterior: quanto mais enfaticamente eu negar ódio ao meu pai, mais forte estarei confirmando esse ódio.

Neuroses são causadas por frustrações sexuais, ou por episódios infantis relacionados ao sexo (por exemplo, abuso sexual e ameaça de castração).

A frustração sexual causa estresse, e não neuroses (que, aliás, não foram bem definidas por Freud). Não foi provado que os abusos sexuais sofridos durante a infância deixem marcas mais profundas do que privações, espancamentos, humilhações ou orfandade. Tampouco é plausível que todo esquecimento resulte da censura por parte do fantasmagórico superego. Se esquece o que não se reforça.

O que a ciência demonstrou, na verdade, é que é possível, por meio de sugestão e indução, implantar memórias falsas de eventos fictícios, que podem vir a ser interpretadas como memórias reprimidas “recuperadas”, o que gerou um negócio lucrativo (Sagan, 1996).

Transtornos psicológicos têm múltiplas causas e, portanto, múltiplos tratamentos possíveis. Alguns (por exemplo, micção noturna e fobias) são tratados com êxito a partir da terapia cognitivo-comportamental. Outros (por exemplo, depressão e esquizofrenia) respondem a medicamentos.

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A violência (guerra, greve, etc.) é válvula de escape para a repressão do instinto sexual.

Exceto em casos patológicos, a violência tem raízes sociais e culturais: pobreza, expansão econômica, fanatismo político ou religioso, etc. Por ter causas sociais, a violência coletiva tem remédios sociais. Por exemplo, a delinquência diminui com a educação.

Sexualidade infantil.

Mito. De fato, a sexualidade reside no cérebro, e não em órgãos genitais. Sem o hipotálamo e os hormônios que essa área sintetiza (oxitocina e vasopressina), não haveria nenhum desejo ou prazer sexual. E o cérebro infantil não tem a maturidade fisiológica necessária para produzir prazer sexual. Para entender a sexualidade, em vez de simplesmente especular, é necessário realizar investigações psico-neuro-endocrinológicas e antropológicas sérias.

A personalidade resulta do modo de aprendizagem do controle do esfíncter.

Falso. Pesquisas têm mostrado a inexistência dessa correlação: as personalidades “oral” e “anal” são produtos das fantasias idealistas de Freud (Sewell, 1952). Existem muitos tipos de personalidade, e todas são produtos do genoma, do ambiente e do próprio esforço (Harris, 2011). Além disso, longe de ser inalterável, a personalidade pode ser transformada radicalmente por doenças cerebrais, acidentes vasculares cerebrais, drogas e reaprendizagem (Jarrett, 2018).

Atos falhos (lapsos de linguagem) revelam desejos reprimidos.

A maioria das transposições de palavras são erros inocentes que não têm nenhuma relação com desejos reprimidos. Por exemplo, pode-se provocá-las deliberadamente a partir de trava-línguas. Além disso, alguns indivíduos são mais propensos do que outros a cometê-los (Pinker, 2015).

O superego reprime desejos e recordações vergonhosos que se armazenam no inconsciente e que o analista descobre com o método de livre associação.

Os experimentos mais notáveis sobre o tema, incluindo da famosa pesquisadora Elizabeth Loftus, falharam em encontrar sinais da repressão psicanalítica. A experiência clínica mostra que não existe livre associação, uma vez que o analista transmite ao seu cliente as suas próprias hipóteses e expectativas. À medida que se aprende o jargão freudiano, o cliente “confirma” o que o analista espera dele. Loftus argumenta ainda que a memória é perfeitamente manipulável e até falsas memórias podem ser implantadas por meio de conversas com psicanalistas e hipnólogos. Em outro sentido, diz ela, é verdade que seres humanos descartam memórias denominadas “reprimidas” durante o primeiro ano de vida, porque o hipocampo, que tem como uma das funções a criação de memórias, não amadureceu o suficiente para formar e armazenar memórias duradouras que poderiam ser recuperadas na idade adulta (Loftus, 2013).

O ser humano é basicamente irracional, dominado pelo inconsciente.

Como disse Bunge (2006), o inconsciente freudiano, como o diabo cartesiano, jogaria arbitrariamente com nossas vidas, por trás de nossa consciência. Essa visão pessimista da humanidade não é baseada em dados empíricos. É verdade que alguns processos mentais escapam, de fato, da consciência. Mas Sócrates já argumentara sobre coisas de que não estamos conscientes.

O próprio tratado Filosofia do Inconsciente, de Eduard von Hartmann, publicado quando Freud tinha quatorze anos, foi um best-seller em alemão e francês durante uma geração. Em qualquer caso, se é verdade que muitas vezes temos impulsos irracionais, também é verdade que, às vezes, conseguimos controlá-los. Por isso, construímos mecanismos de educação e controle social.

Em resumo, as fantasias psicanalíticas são de duas classes: as não testáveis e as testáveis. As primeiras não são científicas, e as segundas se dividem em duas subclasses: as que foram testadas e as que não foram investigadas cientificamente. Todas as fantasias da primeira subclasse foram falseadas. E, evidentemente, as da segunda subclasse continuam no limbo.

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História

Freud estudou medicina na Universidade de Viena, e atuou como neurologista, embora ele mesmo tivesse afirmado que nunca havia se considerado um médico propriamente dito. Seus trabalhos científicos não tiveram nenhum impacto em sua época, e seus estudos eram bastante superficiais. Freud vivia constantemente mudando seu foco para outros problemas e, portanto, não conseguia se especializar em nada. Em razão disso, a descoberta do neurônio, feita por Santiago Ramon y Cajal, foi praticamente ignorada por ele. Além disso, nenhum trabalho relevante da época cita qualquer possível contribuição de Freud à neurologia (Crews, 2017).

Nas últimas décadas do século 20, após a liberação de uma série de cartas e outros escritos que haviam sido censurados por seus herdeiros, emergiu um retrato bem pouco lisonjeiro da figura de Freud: viciado em cocaína, obcecado com o sexo, mentiroso e bastante misógino; um terapeuta inescrupuloso, que via nos pacientes meros objetos de estudo, e um “cientista” que não hesitava em distorcer ou inventar dados. (Crews, 2017; Santamaría & Fumero, 2014; Meyer, 2011).

A elaboração da psicanálise deu-se a partir das reflexões de Freud a respeito de alguns casos exemplares, onde – de acordo com as revelações feitas na correspondência que manteve com o charlatão médico Wilhelm Fliess (1858-1928) e também com a noiva Martha Bernays (1861-1951) – o austríaco se portou com exemplar falta de ética e de rigor científico. Esses casos iniciais tiveram como pacientes mulheres que ele, em conjunto com Joseph Breuer, diagnosticou como “histéricas”, sendo emblemático o de “Anna O.” (Crews, 2017; Santamaría & Fumero, 2014; Meyer, 2011).

No caso de Anna O., sabe-se que Breuer havia aplicado hipnose para tratar os sintomas histéricos de sua paciente. Sabe-se também que Freud havia se unido a Breuer na busca de um tratamento mais eficaz.

As evidências apontam que Anna O. (nome real, Bertha Pappenheim) havia sugerido a Breuer que, ao ouvi-la falar de seus problemas, ele poderia ajudá-la. Esse relato teria levado Freud e Breuer a desenvolverem uma teoria sobre a histeria e um método para seu tratamento, conhecido como o método catártico. A ideia principal é a de que as histéricas sofreriam por conta de seu passado traumático, e não em razão de algum distúrbio fisiológico. O resgate da memória traumática – a “catarse” – produziria a cura.

No entanto, embora Anna O. tenha passado por diversos tratamentos aplicados por Breuer e Freud, seus sintomas, supostamente histéricos, nunca desapareceram. Ela contrariou todas as afirmações de Freud a respeito de sua “cura”. De acordo com o testemunho de Dora Edinger, Anna O. “nunca mais falou desse período de sua vida; e se opôs veementemente a qualquer sugestão de um tratamento psicanalítico para pessoas que trabalhavam com ela” (Santamaría & Fumero, 2014; Meyer, 2011).

Outro caso importante em que os fatos verificáveis contradizem a narrativa freudiana foi relatado pela jornalista Karin Obholzer, em seu livro The Wolf-Man: Conversations with Freud's Patient Sixty Years Later (1982), que argumenta que há uma grande incompatibilidade entre a explicação dada por Freud sobre a eficácia de seus métodos e a realidade de seus pacientes.

Ela investigou o caso do “Homem dos Lobos”, pseudônimo que Freud atribuiu a Sergey Pankéyev, que sofria de grave neurose e pesadelos recorrentes. Freud interpretou os sonhos do paciente, concluindo que eles estavam relacionados a um abuso sexual sofrido na infância. De acordo com Obholzer, Freud disse que, após um longo tratamento, Pankéyev havia sido curado.

Mais tarde, ele ficou doente outra vez e teve um segundo tratamento com Freud. Obholzer mostra que Pankéyev nunca obteve qualquer cura via terapia psicanalítica, e que sua condição piorou consideravelmente enquanto era tratado por outros psicanalistas. Obholzer ainda diz que Pankéyev recebia um salário mensal da Fundação Sigmund Freud, com o objetivo de mantê-lo escondido em Viena, para que o fracasso não viesse a público, pois na história psicanalítica o caso estava registrado como um sucesso terapêutico brilhante (Meyer, 2011).

Freud cometeu diversas outras fraudes para salvar suas ideias da crítica científica responsável: antes de criar a psicanálise, havia buscado construir uma reputação de médico e cientista promovendo a cocaína como uma espécie de panaceia, capaz de curar ou aliviar todo tipo de doença. Tentou tratar o vício em morfina de alguns pacientes dando-lhes cocaína, e publicou artigos afirmando que os efeitos eram mais do que benéficos, extraordinários.

Ernst von Fleischl-Marxow, amigo de Freud, foi um desses pacientes. Freud havia recomendado que seu amigo tratasse sua dependência de morfina com cocaína, e apresentou o resultado à comunidade científica como um sucesso absoluto. No entanto, em correspondência privada à sua futura esposa, Martha Bernays, Freud contou uma história muito diferente.

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Em maio de 1885, um ano após iniciar o tratamento de Fleischl-Marxow, Freud confessou que seu amigo agora estava viciado nas duas drogas, e que vinha utilizando uma grande quantidade de cocaína nos últimos meses. O consumo da droga havia causado uma intoxicação crônica, cujas consequências haviam sido insônia e confusão mental. Fleischl-Marxow morreu aos 45 anos, em decorrência do uso abusivo de drogas (Meyer, 2011). Claramente, Freud não teve receio de apresentar à comunidade científica uma terapia completamente desastrosa como exemplo de sucesso, o que revela um indicador claro de charlatanismo.

 

Culpa da mãe

Freud e seus colegas também atribuíam às mães a culpa pela esquizofrenia e o autismo em seus filhos. Na França, até hoje, os psicanalistas acreditam nisso e aplicam psicanálise para tratar ambas as condições, mesmo com a ciência já tendo demonstrado diversas vezes que elas são fortemente influenciadas por componentes genéticos. Um documentário, chamado El Muro, gerou bastante polêmica na França – psicanalistas tentaram censurá-lo –, expõe este problema e revela o porquê dos psicanalistas estarem mais preocupados em atacar abordagens psicológicas testáveis, como a terapia cognitivo-comportamental, do que prover conforto e tratamento eficaz aos seus pacientes (Lirussi, 2014a).

Infelizmente, a psicanálise continua sendo muito ensinada em algumas universidades. “Infelizmente” porque não satisfaz nenhum requisito epistemológico esperado de uma ciência, ainda mais de uma ciência que busca aplicações na saúde e no bem-estar humanos.

 

Pós-modernismo

No Brasil, muito mais do que em outros países, a psicanálise é confundida com uma forma de conhecimento válido em psicologia. É estudada nas universidades e seus preceitos, recitados como dogmas. Não espanta que receba admiração de círculos pós-modernos, ou seja, grupos acadêmicos que rejeitam orgulhosamente os pilares do Iluminismo – em especial, a existência de verdade objetiva, o ceticismo, o racionalismo e o secularismo –, mas abraçam a ideia de que o conhecimento é apenas uma disputa entre narrativas “igualmente válidas” (Sokal & Bricmont, 1997; Andrade, 2013).

Muitos que defendem a psicanálise não tiveram contato real com a psicologia científica, a neurociência cognitiva e a biologia evolutiva[i]. Então, tudo que sobra para os defensores dessa escola é a recitação dos dogmas psicanalíticos e de suas diferentes correntes (Freud, Lacan, Jung, etc.).

 

“Propaganda e persuasão”

Outras correntes da psicanálise são ainda mais problemáticas do que a original, freudiana, e representam meros “conflitos de narrativas” ao melhor estilo pós-moderno, desprezando a necessidade de evidência experimental ou conceitos claros. Por exemplo, Lacan foi denunciado por obscurantismo, ao utilizar notações e símbolos da topologia matemática por mero efeito retórico (Sokal & Bricmont, 1997).

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Na década de 1960, o psicólogo Hans Eysenck reuniu e criticou todos os estudos até então existentes sobre a eficácia da psicanálise. Concluiu que o tratamento psicanalítico não leva a nenhuma melhora sobre a taxa de remissão espontânea (sem tratamento) das neuroses (Eysenck, 1952; Eysenck, 1985). Afirmou, ainda, que Freud “era, sem dúvida, um gênio; não da ciência, mas da propaganda; não dos testes rigorosos, mas da persuasão”.

Em 1977, Lacan, em uma palestra em Bruxelas, admitiu sem rodeios que a psicanálise é pura enganação. Em suas palavras:

“Nossa prática é uma trapaça, blefar, fazer as pessoas pestanejarem, impressioná-las com palavras astuciosas, é de qualquer forma o que se costuma chamar de engodo. [...] Do ponto de vista ético, nossa profissão é insustentável; é, aliás, justamente por isso que fico doente só de pensar nela, porque eu tenho um superego como todo mundo. [...] Trata-se de saber se Freud é ou não um acontecimento histórico. Acredito que ele fracassou no seu golpe. É como eu; em muito pouco tempo, ninguém mais se importará com a psicanálise” (Lacan, 1977).

Mesmo com Lacan admitindo que a psicanálise é puro palavreado, as principais instituições psicanalíticas do mundo continuam reivindicando que a psicanálise é uma ciência (Lirussi, 2014b). No entanto, Jacques van Rillaer, que é psicólogo, apresentou exemplos em seu livro (1985) sobre como Freud e outros psicanalistas desqualificavam seus críticos, mostrando exemplos do uso de argumentos de apelo à autoridade e ad hominem, o que explicaria o porquê a psicanálise ainda mantém um lugar na academia em certos países.

De acordo com Van Rillaer, a psicanálise é considerada uma pseudociência pela psicologia cognitiva, psicologia evolutiva, biologia molecular, neurobiologia e a psiquiatria atual. Sua crítica considera o fato de que a psicanálise é baseada em hipóteses obsoletas que carecem de apoio empírico, como as construções metapsicanalíticas (por exemplo, o Complexo de Édipo, o complexo de castração, a inveja do pênis ou a pulsão de morte) que não têm base científica (Rillaer, 1985). Em 2019, Rillaer publicou um novo livro adicionando mais dados, documentos e estudos à sua revisão crítica da psicanálise e concluiu que a prática é uma pseudociência e que tanto Freud como Lacan eram dois charlatões sem escrúpulos (Rillaer, 2019).

 

E a neuropsicanálise?

Em 2000, Mark Solms, um psicanalista sul-africano, fundou a Sociedade Internacional de Neuropsicanálise. Seu objetivo era confirmar algumas hipóteses psicanalíticas à luz da neurociência. Porém, o primeiro problema evidente é que Solms já parte de uma ideia pré-concebida, de que os pressupostos psicanalíticos seriam verdadeiros e poderiam ser confirmados pela neurociência: ele toma a conclusão desejada como ponto de partida. Por exemplo, um experimento com neuroimagem não revelaria o “inconsciente freudiano” e nem uma “energia” imaterial fluindo pelo corpo, mas apenas mostraria detalhes da atividade cerebral em pacientes submetidos a certos testes ou estímulos externos.

Um neuropsicanalista poderia lançar uma objeção, dizendo que isso revelaria que a psicanálise finalmente está mudando à luz da neurociência. Mas como a neurocientista Suzana Herculano-Houzel destaca em um artigo (2011), “se não há ‘psicanálise’, se a teoria psicanalítica não for seguida à risca, só o próprio Freud poderia rever seus conceitos à luz da neurociência e, então, propor uma neuropsicanálise. Enquanto isso não acontecer, a tal da ‘neuropsicanálise’ continua não existindo”.

Herculano estava certa, pois, passados 20 anos desde a proposta de criação da “neuropsicanálise”, até hoje não existe um único periódico de credibilidade dedicado a publicações desse campo – exceto repositórios marginais cultivados pelos próprios psicanalistas.

Embora alguns neurocientistas enxerguem valor em Freud, principalmente como fonte de insights filosóficos, não há nenhuma evidência científica que sustente suas principais ideias. Em outras palavras, as doenças mentais não são consequências de repressão, as neuroses não são distúrbios de função sexual originados na infância e os sonhos não revelam desejos ocultos, e nenhum conteúdo traumático ocorrido na infância que tenha sido reprimido pelo inconsciente.

 

A psicanálise pode ser eficaz?

Diferentemente do que afirmam alguns psicanalistas, as evidências científicas mostram que não.

Em primeiro lugar, não há evidências de que a psicanálise seja efetiva como psicoterapia. Por exemplo, Edward Ryan e Morris Bell, que são psicólogos, realizaram um estudo de acompanhamento com 50 pessoas que foram submetidas à terapia psicanalítica em um período de seis meses, e concluíram que a psicanálise não foi efetiva para o tratamento dos pacientes. Em uma meta-análise de 142 estudos científicos, o autor chegou à conclusão de que a psicanálise e outras terapias chamadas “humanísticas” são indistinguíveis do efeito placebo. Já em uma meta-análise de 11 estudos científicos (4.107 estudos foram excluídos por não atingir um nível mínimo de qualidade), o resultado mostrou que a psicanálise não difere significativamente do tratamento de controle, e que a evidência sobre a sua eficácia é limitada e problemática. E um estudo realizado com 226 pacientes em Chestnut Lodge, que foi uma antiga instituição psiquiátrica, em Rockville, Estados Unidos, mostrou que a terapia psicanalítica não obteve qualquer êxito.

Em segundo lugar, não existe qualquer evidência de que ela seja efetiva no tratamento de sintomas do autismo. No “Guia de boa prática para o tratamento de transtornos do espectro autista” do Ministério da Saúde da Espanha, lemos que “o Grupo de Estudo não recomenda a terapia psicodinâmica como tratamento do TEA e salienta que a abordagem psicanalítica do autismo constitui um dos maiores erros da história da neuropsiquiatria infantil”. Tanto o Ministério da Saúde da França como a Organização Mundial da Saúde não têm recomendado mais a psicanálise como terapia para o autismo.

Leia também:

A psicanálise e o infindável ciclo pseudocientífico da confirmação

Mais estudos científicos que mostram a ineficácia da psicanálise para uma série de doenças mentais e outros problemas foram compilados por Mauro Lirussi em seu site (Lirussi, 2014c; Lirussi, 2014d).

 

A psicanálise é filosofia?

Existem propostas metafilosóficas para distinguir “filosofia” de “pseudofilosofia” (Bunge, 2012; também, neste artigo do autor). “Filosofia” não é o mesmo que escrever qualquer coisa aleatória que faça sentido na cabeça de alguém, e também não é só articular ideias com vocabulário rebuscado e de modo aparentemente profundo.

A filosofia é uma atividade intelectual, tanto racional como empírica, em que são considerados conhecimentos autênticos de base para levantar e tratar novos e velhos problemas.

A filosofia mantém uma relação amigável com a ciência, à medida que provê exatidão à linguagem científica, ajudando a clarificar conceitos pertinentes à investigação da realidade, como de “espaço”, “tempo”, “verdade”, “objeto”, “propriedade”, “sistema”, “emergência”, “matéria”, “energia”, “mente”, entre outros. A filosofia também ajuda a inspirar novas investigações, provendo um quadro teórico que auxilia cientistas a entender mecanismos causais e processos emergentes no cérebro humano de que decorreriam nossas experiências subjetivas (ou consciência), como propuseram os filósofos David Chalmers (1995) e Mario Bunge (1997).

Em resumo, uma filosofia autêntica incentiva a exploração da realidade, contribui com o tratamento de problemas reais e inspira a investigação científica.

Uma pseudofilosofia faz o oposto. Ela rejeita a investigação da realidade, contempla o mistério (ou seja, a sentença misterianista de que existem problemas que a ciência jamais poderá resolver), despreza a preocupação com a lógica (a forma e a estrutura dos argumentos), ignora a ciência e enaltece a obscuridade. A característica mais fundamental da pseudofilosofia é a sua esterilidade, ou fossilização, frente ao conhecimento do momento.

A psicanálise não tem nenhuma característica de filosofia, porque tem (a) uma semântica confusa, (b) uma ontologia anticientífica, (c) uma epistemologia marginal e (d) atropela princípios éticos das práticas baseadas em evidências. Por exemplo:

A semântica é o ramo da filosofia que lida com significado, verdade e representação. Nesse sentido, uma semântica deve fornecer à ciência conceitos para prover sentido às sentenças, incluindo um conceito de verdade e a clareza necessária para evitar ambiguidades.

Na psicanálise, o conceito de verdade não foi explorado por nenhum psicanalista até o momento. Já o conceito de “inconsciente”, mesmo sendo o mais central do campo psicanalítico, é pouco claro. Em Lacan, por exemplo, é dito que “o inconsciente é estruturado como linguagem”. Um filósofo cuidadoso indagaria sobre o real sentido dessa afirmação, e pediria especificações sobre qual é a linguagem referenciada. Em resumo, a psicanálise carece de uma classe de referência e uma semântica adequada.

A ontologia é o ramo da filosofia que estuda o ser e o vir a ser do mundo, ou seja, estuda as coisas e suas mudanças de maneira geral. O problema ontológico mais conhecido que a psicanálise enfrenta é o “problema mente-cérebro”, que é a discussão envolvendo o que é a mente, o cérebro e o corpo, ou seja, estados mentais são coisas que fazem parte do corpo, ou são coisas diferentes que funcionam de maneira independente?

A psicanálise pressupõe a existência de três entidades desencarnadas conhecidas como id, ego e superego, as quais afetariam nosso comportamento/personalidade e, ao mesmo tempo, operariam de modo independente de todo o sistema cerebral [ii]. Essa posição refere-se claramente ao dualismo psiconeural, que é a tese que afirma que entidades imateriais (almas ou espíritos) obedecem a leis diferentes das que regem o Universo, e interagem com os corpos materiais, mesmo existindo de maneira independente. Essa ontologia é anticientífica porque viola o princípio de conservação de energia das leis da termodinâmica e rejeita os dados psicobiológicos e neurocientíficos a respeito do funcionamento de nosso cérebro e comportamento (Bunge, 2017).

A epistemologia é o ramo da filosofia que lida com a justificação e o processo de construção do conhecimento. A psicanálise não tem uma epistemologia propriamente dita, no sentido de que ela não conta com um programa de pesquisa experimental, como ocorre na psicologia científica e neurociência cognitiva.

O principal método de pesquisa dos psicanalistas não é a investigação empírica, mas a leitura dos textos (tidos como virtualmente sagrados) de Freud, Lacan e outros psicanalistas. Um dos problemas mais apontados pelos filósofos da ciência é que a psicanálise possui diversas hipóteses que, da forma como foram originalmente propostas, são impossíveis de serem colocadas à prova e, portanto, não podem ser decididas como “verdadeiras” ou falsas” – algo típico de toda pseudociência.

A ética e a axiologia são preocupações filosóficas inerentes a qualquer atividade humanitária. O princípio “desfrute da vida e ajude os outros a viverem uma vida desfrutável” é o cerne da prática altruísta, médica e psicológica. Os psicanalistas simplesmente atropelam tais princípios, ao adotar práticas sem base em evidências para pacientes que sofrem de ansiedade, depressão, esquizofrenia e autismo. A evidência é clara: a terapia cognitivo-comportamental tem sido cada vez mais recomendada para lidar com todos esses problemas e a psicanálise tem causado cada vez mais danos às pessoas.

Em outras palavras, uma disciplina constituir-se de princípios filosóficos não é o mesmo que considerá-la uma filosofia.

A relação proposta entre a filosofia e a psicanálise é forçada e conflituosa, criada apenas com o objetivo de salvar à psicanálise do rótulo de “pseudociência” ou “pseudoterapia” por parte de uma comunidade avessa à ciência e à racionalidade.

A suposta multidisciplinaridade psicanalítica, propalada por alguns psicanalistas, também não sobrevive às evidências, como o fracassado projeto neuropsicanalítico e a explicação extravagante do antropólogo Geoffrey Gorer (1950), que dizia que a revolução russa havia sido causada pela forma como as mães russas apertavam as fraldas.

Ainda que a psicanálise fosse uma filosofia, seria igualmente antiético oferecer uma “filosofia” como tratamento para uma série de doenças mentais, em vez de uma terapia baseada em evidências.

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O que resta?

Os psicanalistas se opõem aos métodos utilizados por escolas científicas da psicologia (por exemplo, quantificação de processos psicológicos, experimentos comportamentais, ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, etc.), e rejeitam o uso de ferramentas estatísticas para mensurar os efeitos de suas práticas terapêuticas.

A maioria dos experimentos que existem para testar algum princípio psicanalítico foi feita por psicólogos experimentais.

As meta-análises favoráveis à psicanálise desconsideram resultados negativos e utilizam ensaios que não tiveram metodologia adequada e careceram de grupos de controle. Além disso, os psicanalistas ignoram, por princípio, as descobertas da psicobiologia e da neurociência cognitiva, como mostrei ao longo do artigo.

Como disse Mario Bunge (2006), “sua psicologia é de cadeira e sofá, porque são prisioneiros do mito primitivo da alma imaterial que não pode ser captada por meios materiais, como a ressonância magnética funcional e outros métodos de visualização de processos mentais”. Diante disso, não resta muita coisa da psicanálise além de fantasia idealista.

 

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira é fundador do Universo Racionalista, estudante de pós-graduação em Ethical Hacking e CyberSecurity do Centro de Inovação VincIT pela Faculdade Eficaz, graduado em Tecnologia em Redes de Computadores pela Universidade de Franca e estudante de graduação em Tecnologia em Radiologia pela Universidade Nove de Julho. É administrador do Instituto Ética, Racionalidade e Futuro da Humanidade e membro-estudante da Rede Brasileira de Astrobiologia. Tem experiência na área de Filosofia, disciplina que cursou por três anos, com ênfase em Filosofia Científica. Atualmente, contribui para a popularização da Ciência e da Filosofia.

 

Revisores:

Andres Pereyra Rabanal (Mestre em Filosofia e Graduado em Psicologia), Carlos Guerreiro (Mestrando em Psicobiologia e Graduado em Psicologia), Cristopher de Castro Perdigão (Graduando em Psicologia e Especializando em Terapia Cognitivo-Comportamental), Daniel Gontijo (Doutor em Neurociências), Gerardo Gabriel Primero (Psicólogo e Docente de Psicologia) e Thiago Montalvão (Especializando em Terapia Cognitivo-Comportamental e Mestrando em Neurociências).

 

NOTAS

 

[i] Os psicanalistas que tiveram contato com a psicologia científica e a neurociência cognitiva geralmente não sabem diferenciar “ciência” e “pseudociência” e, portanto, criam verdadeiros espantalhos teóricos, misturando conceitos sem perceber suas contradições inerentes e a impossibilidade de coexistirem no mesmo espaço. Infelizmente é muito comum psicólogos de outras abordagens, mesmo não sendo psicanalíticas, fazerem usos de diversas abordagens simultaneamente, por não compreenderem as diferenças ontológicas e epistemológicas (eis uma razão pela qual a grade do curso de psicologia deveria ter uma disciplina obrigatória de filosofia da psicologia e filosofia da mente). Outro problema comum é a utilização de testes psicológicos de abordagens distintas por psicólogos (por exemplo, um psicólogo cognitivo-comportamental fazer uso de testes projetivos, como o Teste de Rorschach, o Teste das Pirâmides de Pfister ou o Teste do Desenho da Figura Humana). Todos esses testes são baseados na teoria psicanalítica, ou seja, utilizam de explicações do inconsciente, das estruturas psíquicas (psicose, neurótico e perverso) e das instâncias psíquicas (id, ego e superego), que não são compatíveis com sua fundamentação teórica da abordagem cognitivo-comportamental (Oliveira et al., 2005).

[ii] Um psicanalista poderia objetar que, na verdade, alguns exemplos dados ao longo do artigo, como as instâncias psíquicas (id, ego e superego), são apenas metáforas ou hipóteses para a personalidade sem necessariamente cair em um dualismo psiconeural, mas a psicanálise não tem uma teoria semântica e, portanto, a clareza não é o seu forte. Muitas vezes, as hipóteses psicanalíticas apresentam um duplo significado, com um sentido literal e um outro com sentido amplo e metafórico, o que evitaria a refutação, mas não a crítica de que as supostas metáforas ainda seriam desprovidas de qualquer dado empírico e poder explicativo.

Como Matias Castro (2016) destaca: “O Complexo de Édipo, em sentido literal, é um desejo incestuoso e um desejo de morte, enquanto, em um sentido amplo, é um conjunto de conceitos, como amor, ódio, ciúme e rivalidade, que permitem descrever qualquer relação humana, ou também é definido como uma estrutura triangular entre a criança, o objeto de desejo e o portador da lei. O falo designa o pênis, ou tudo o que é desejado (por esse motivo, qualquer desejo pode confirmar a ameaça de castração ou a inveja do pênis). A homossexualidade é o desejo sexual no sentido estrito, ou qualquer relação amigável entre indivíduos do mesmo sexo. Pode-se sempre dizer que ‘a psicanálise é outra coisa’ (Primero, 2005), algo certamente útil que se pode aproveitar por causa de sua ambiguidade, mas bastante desonesto”.

 

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