Nutrição ortomolecular: a mácula de Pauling

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17 mar 2022
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Há ocasiões em que o Universo aparenta estar pregando peças em nossa vida. Caso fosse um jovem místico, interpretaria essas“pegadinhas” como um sinal quântico para reprogramar meu mindset e aceitar o esoterismo moderno.

Felizmente, este não é o caso. Há algumas semanas, fui convidado para conhecer um médico que chamarei de X. Ele era especializado em diversas áreas da saúde, variando de medicina antroposófica, homeopatia e nutrologia. Doutor X me explicou como realizava as consultas e seu direcionamento para atingir uma melhor qualidade de vida para os pacientes. Ele incentiva a prática de exercícios físicos regulares, check-ups, uma alimentação saudável com muitos alimentos in natura e poucos alimentos industrializados e aderência a outros hábitos de vida saudáveis – até aí, tudo bem – mas, como era de se esperar, nada é perfeito.

A meia hora subsequente foi marcada por afirmações que, para serem consideradas erradas, precisavam melhorar, e muito. Ouvi alegações de que “açúcar causa câncer”, “leite destrói o cérebro”, “água não tem minerais, por isso é necessário colocar uma pitada de sal rosa do Himalaia”, “sal não aumenta pressão arterial, o que aumenta é cloreto de sódio”.

Ao final do encontro, o doutor, como uma forma de agrado – ou desprezo, dependendo do ponto de vista – recomendou-me um dos livros que abriram sua mente para essa “medicina preventiva”.

“O QUE SEU MÉDICO NÃO SABE SOBRE MEDICINA NUTRICIONAL PODE ESTAR MATANDO VOCÊ”, além do título pouco chamativo, claro que as letras precisavam estar em caixa alta. Resumindo, o livro é exatamente o que você pode imaginar pelo título, o autor, Dr. Ray Strand, com prática médica baseada nos Estados Unidos, está inconformado com a maneira que a classe médica trata a saúde das pessoas.

Apesar de afirmar que só apresentará resultados de experimentos clínicos de periódicos com credibilidade (New England Journal of Medicine, Lancet, etc.), o autor utiliza uma falácia para abarcar o leitor em sua narrativa:

“Os médicos parecem contentes em permitir que as companhias farmacêuticas determinem novas terapias conforme desenvolvem novas substâncias. Mas, como você verá ao longo deste livro, nossos corpos é que constituem a melhor defesa contra o desenvolvimento de doenças degenerativas crônicas - e não as drogas que os médicos podem receitar”.

Essa estratégia é conhecida como envenenamento do poço, uma forma de constranger o oponente colocando-o em uma posição de descrédito perante o público. Além disso, ele confunde as categorias de prevenção (“barreira” contra as doenças) e tratamento (“terapias”, para quando a doença já está instalada). Também insinua que doenças degenerativas são causadas principalmente por questões de dieta e estilo de vida, o que é falso. Se não bastasse isso, o parágrafo seguinte é ainda pior. Neste, o Dr. Ray alça suas experiências pessoais particulares ao mesmo nível do tipo mais confiável de evidência médica, os ensaios clínicos randomizados.

“Quando apliquei estes princípios no tratamento de meus pacientes, os resultados foram nada menos que espantosos. Eu acompanhei diversos pacientes com esclerose múltipla que saíram da cadeira de rodas e passaram a caminhar novamente. Ajudei pacientes com miocardiopatia a sair da lista de transplante do coração. Alguns pacientes de câncer entraram em recuperação; pacientes com degeneração macular tiveram melhorias significativas na visão; e pacientes de fibromialgia recuperaram suas vidas”.

Qualquer semelhança com Jesus ou outro ser místico que opere milagres é mera coincidência.

Se precisasse sintetizar em uma frase o que esse livro é, o melhor seria “ode à terapia ortomolecular”.

 

O efeito Pauling

A onda ortomolecular nasceu com Linus Pauling (1901-1994), químico norte-americano considerado um dos mais importantes do seu tempo, pioneiro na área de química quântica e criador do Diagrama de Distribuição Eletrônica. Em 1939, escreveu a Natureza das Ligações Químicas, trabalho que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Química em 1954. Já em 1962, Linus recebeu o Prêmio Nobel da Paz por ser um ferrenho ativista contra os testes nucleares e o uso de bombas atômicas como armas de guerra. Mas genialidade e boas intenções não são escudo contra acreditar em bobagens – e Pauling acabou desenvolvendo um caso de amor com a vitamina C que foi muito além do que a ciência permitia, ou permite, afirmar.

Em 1970, Pauling publicou seu livro “Vitamin C and the Common Cold”. Ali, afirma que a ingestão de 1000mg de vitamina C diariamente reduz a incidência de resfriados em uma grande parcela da população – sim, a recomendação “tome vitamina C para evitar resfriados” é fruto das ideias de Pauling.

Mais tarde, passou a defender o uso da vitamina C como agente terapêutico contra o câncer e outras enfermidades – desde que em elevadas concentrações.

Essa noção de que megadoses de micronutrientes permitem uma melhor “nutrição celular” ou que as diretrizes nutricionais estão subestimadas – em geral, que o nível “ótimo” de certos nutrientes é muito maior que o mínimo considerado indispensável e, de fato, do que se encontra disponível numa dieta normal e equilibrada –, é a tese básica por trás das práticas ortomoleculares, um grupo de pseudociências – inspiradas por Pauling – sobre as quais você pode ler mais aqui e que, infelizmente, estão se aproximando de maneira vil da minha querida nutrição.

 

Nutrição ortomolecular

Para entender melhor o que esta área da nutrição apregoa, busquei a definição em sites, cursos e pós-graduações. Apresento-lhes o resultado:

“Nutrição Ortomolecular é uma inovação moderna dentro da área nutrição, tem como premissa tratar o indivíduo como um todo, respeitando sua individualidade metabólica e buscando reequilibrar seu organismo a partir do consumo de alimentos in natura e por meio daprescrição de suplementos nutricionais (vitaminas, minerais, aminoácidos), nutracêuticos (alimento ou parte de um alimento que proporciona benefícios médicos e de saúde, incluindo a prevenção e/ou tratamento da doença) e fitoterápicos (produtos obtidos de plantas medicinais ou de seus derivados)”.

Vale destacar que apesar de estar no meio desse balaio ortomolecular, há inúmeros fitoterápicos com respaldo científico e que, diferente da homeopatia, sua utilização sem acompanhamento de um profissional habilitado pode trazer malefícios à saúde.

Mas, prosseguindo:

“Essas ações trazem como benefício a correção dos desequilíbrios nutricionais e uma vasta quantidade de substâncias antioxidantes – essenciais no combate aos radicais livres – e, consequentemente, na prevenção e/ou tratamento de doenças”.

Neste momento, um leitor poderia indagar “Mas qual o problema deconsumir mais alimentos in natura? Ou, ainda, suplementar compostos antioxidantes?”

De fato, uma alimentação com menos produtos ultraprocessados e mais alimentos in natura é benéfica para a saúde das pessoas – não, eles não precisam ser orgânicos e tampouco GMO free (livre de organismos geneticamente modificados) –, mas será que a suplementação de substâncias antioxidantes realmente previne/trata doenças? Indo além, será que os radicais livres são os verdadeiros vilões da saúde?

 

Oxigênio

Antes de entrarmos nas questões levantadas, é importante contextualizar a hipótese por trás da suplementação de antioxidantes:

Acredito que todos concordam que oxigênio é importante para a vida. Sem ele, morreríamos. Contudo, podemos classificar essa relação como algo agridoce, visto que para manter funções primordiais para a vida humana (caso da cadeia respiratória), precisamos metabolizá-lo. Essa ação tem como consequência a geração de radicais livres, moléculas que apresentam alta reatividade.

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Para lidar com essas moléculas, o organismo apresenta um sistema de defesa antioxidante que, em geral, consegue evitar eventos deletérios provocados pelos radicais livres. Porém, quando a produção de ERO (espécies reativas de oxigênio) e RNS (espécies reativas de nitrogênio) está muito alta, o organismo fica em estado de estresse oxidativo - desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de defesa antioxidante. Esse cenário é realmente preocupante para a saúde.

Os radicais livres são formados a partir de reações metabólicas essenciais para o organismo. Segundo a revisão de VASCONCELOS, T. et al. (2014), há vários fatores que aumentam a produção de espécies reativas, caso do consumo excessivo de álcool, tabagismo, dieta inadequada, sedentarismo, exercício físico extenuante, patologias crônicas, envelhecimento, estresse emocional, poluição ambiental, exposição a raios X, aditivos químicos, hormônios, entre outros.

Como já apontamos, o excesso de radicais livres traz problemas para a saúde. Contudo, enganam-se aqueles que acreditam que eles são somente prejudiciais.

Em seu artigo de revisão, HUY, C.; HE, H. e HUY, L. (2008) pontuam que em concentrações moderadas, as ERO e RNS são vitais para o funcionamento do organismo, visto que atuam no processo de apoptose (morte celular programada), agem como mitógenos (estimulam a proliferação celular) e apresentam atividade imunológica – são produzidos pelos fagócitos para combater patógenos invasores. Além disso, MEO, S. et al. (2016) ressaltam que as ERO contribuem para funções complexas, como a regulação da pressão sanguínea e a função cognitiva.

 

Suplementação

Podemos definir antioxidantes como: “substâncias que, mesmo presentes em baixas concentrações quando comparadas a um substrato oxidável, atrasam ou inibem a oxidação desse substrato de maneira eficaz”.  Vale lembrar que os antioxidantes são divididos em dois grupos, o enzimático – como o nome sugere, este é formado por enzimas presentes no corpo humano que exercem função de defesa contra os radicais livres – e o não enzimático – fazem parte deste as vitaminas (C e E) e minerais (zinco, principalmente) com propriedades antioxidantes e substâncias bioativas com a mesma finalidade (licopeno, polifenóis, beta-caroteno, etc.).

Segundo a revisão de BIANCHI, M. e ANTUNES, L. (1999), os antioxidantes atuam em diferentes frentes para a proteção do organismo:

 

Impedindo a formação de radicais livres, principalmente pela inibição das reações em cadeia com o ferro e o cobre.

Interceptando os radicais livres e impedindo que atuem nos lipídeos, nos aminoácidos das proteínas, nas bases do DNA. E, além disso, evitando a formação de lesões e perda da integridade celular.

Reparando as lesões ocasionadas pelos radicais livres.

Regenerando antioxidantes presentes e, consequentemente, devolvendo suas propriedades originais.

 

A ilação mais coerente, por óbvio, seria suplementar substâncias antioxidantes como uma forma de prevenção ao excesso de radicais livres. A hipótese é tentadora, mas será que os estudos a comprovam?

GROVER, A. e SAMSON, S. (2014), em sua revisão da literatura, avaliaram se os antioxidantes indicados para a saúde dos olhos podem, de fato, beneficiar os consumidores. Concluem recomendando que uma dieta rica em alimentos fontes de antioxidantes deve ser adotada desde a infância. Entretanto, caso apareçam sinais de deterioração da saúde da visão, alguns suplementos nutricionais, para além da dieta, podem ser recomendados, mas, somente, para auxiliar os tratamentos médicos primários.

RANI, K. (2017) realizou uma minirrevisão sobre o papel dos antioxidantes e a prevenção de doenças. Após verificar a literatura vigente, o autor concluiu que a utilização de antioxidantes naturais (provenientes de alimentos) ou sintéticos pode prevenir doenças neurodegenerativas e alguns tipos de câncer.

Poderíamos parar por aqui e dar o caso como encerrado – neste cenário, atualizaríamos as listas de IDR (Ingestão Diária Recomendada) atuais e incluiríamos o consumo preventivo de antioxidantes. Antes de encomendar sua vitamina C de 1000mg ou aquele suplemento caríssimo, devo alertar que a resposta não é tão simples assim.

KURUTAS, E. (2016) realizou uma revisão da literatura com relação à importância dos antioxidantes e seu papel na resposta celular contra o estresse oxidativo/nitrosativo. O autor informa que estudos recentes demonstraram que a utilização de antioxidantes pode ser efetiva na prevenção e/ou no tratamento de doenças. Mas reforça que isso só ocorre quando é utilizado o antioxidante correto, para o paciente correto, na hora certa e em uma duração correta. Além disso, o pesquisador reconhece que por mais que propagandeiem que os antioxidantes apresentam efeitos benéficos contra o estresse oxidativo/nitrosativo, muitos estudos randomizados com grupo controle apresentam resultados decepcionantes com relação à prevenção de doenças crônicas.

Por fim, KURUTAS ressalta que uma das maiores preocupações com a suplementação de antioxidantes é o potencial efeito deletério na produção de ERO e RNS que, como vimos, são essenciais para o funcionamento das células. Uma destruição maciça de espécies reativas e de seus produtos pode suprimir as vias de sinalização celular e aumentar o risco de doenças crônicas.

Em sua carta para o editor, KOPAEI, M., BARADARAN, A. e RAFIEIAN, M. (2013), informam que apesar de os antioxidantes serem utilizados amplamente como suplementos diários para prevenção de doenças, como o câncer e doenças coronarianas, pesquisas robustas não detectaram benefícios da suplementação e, ainda, sugerem que alguns antioxidantes podem ser prejudiciais.

Os autores concluíram, com base na literatura, que dietas ricas em antioxidantes (provenientes de frutas e vegetais) aparentam ser benéficas. Entretanto, esse não seria o caso dos suplementos alimentares. A hipótese levantada sugere que a dieta contém um mix de antioxidantes que funcionam como uma “cadeia contínua”, enquanto os suplementos só apresentam uma ou duas substâncias, tornando a “cadeia incompleta”.

Já a revisão de GINTER, E., SIMKO, V. e PANAKOVA, V. (2014) observou as perspectivas da utilização dos antioxidantes tanto para a saúde quanto para as doenças. Após explicarem os malefícios do excesso de radicais livres e alguns antioxidantes amplamente utilizados, os autores concluem que, até o momento, não há um parecer fidedigno que determine qual antioxidante ou qual dosagem seja benéfica para os consumidores.

Os autores alertam que há preocupação com relação ao uso por longos períodos, visto que uma seleção inapropriada ou uma dosagem indiscriminada pode induzir efeitos colaterais. Por fim, advertem que, caso o organismo apresente bons níveis de antioxidantes e se a alimentação for rica em alimentos-fontes, não é necessário suplementá-los.

Para terminarmos, trago a revisão sistemática com metanálise de BJELAKOVIC, G. et al. (2012). Aqui foram incluídos 78 estudos randomizados, totalizando 296.707 participantes. Após a verificação dos dados, os autores concluíram que não há evidências que suportem a suplementação de antioxidantes para a prevenção primária ou secundária. Além disso, os resultados demonstraram que a suplementação com vitamina E, betacaroteno e altas doses de vitamina A podem aumentar mortalidade.

Os pesquisadores aconselham que os suplementos antioxidantes devem ser considerados produtos médicos e analisados com o mesmo escrutínio que os demais medicamentos.

 

O que fazer?

Como foi observado, há muitas incógnitas não solucionadas até o momento. Talvez os suplementos antioxidantes venham a se revelar agentes terapêuticos. Contudo, isso ainda precisa ser melhor elucidado nos ensaios clínicos. Em contrapartida, não há objeções a uma ingestão de frutas, verduras e legumes (fontes naturais de antioxidantes, compostos bioativos e fibras) maior do que a praticada pela média da população urbana no mundo moderno. Trata-se de uma alternativa aparentemente mais eficiente e barata – tanto seu corpo quanto o seu bolso agradecem.

 

Mauro Proença é nutricionista 

 

REFERÊNCIAS

BIANCHI, M. e ANTUNES, L. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Rev. Nutr. 12. Ago 1999. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rn/a/bzHBTqBfJr8jmJn3ZXx9nMs/?lang=pt>.

VASCONCELOS, T. et al. Radicais Livres e Antioxidantes: Proteção ou Perigo?UNOPAR CientCiêncBiol Saúde 2014;16(3):213-9. Disponível em: <https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/10133/1/2014_art_vpdbastos.pdf>.

HUY, C.; HE, H. e HUY, L. FreeRadicals, Antioxidantes in Diseaseand Health. Int J BiomedSci. 2008 Jun; 4(2): 89–96. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3614697/>.

MEO, S. et al. Role of ROS and RNS Sources in PhysiologicalandPathologicalConditions. OxidMedCellLongev. 2016; 2016: 1245049.Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4960346/>.

GROVER, A. e SAMSON, S. Antioxidantsandvisionhealth: FactsandFiction. Mol CellBiochem. 2014 Mar;388(1-2):173-83. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24311110/>.

 RANI, K. Role ofantioxidants in preventionofdiseases. J ApplBiotechnolBioeng. 2017;4(1):495-496. Disponível em: <http://medcraveonline.com/JABB/JABB-04-00091.pdf>.

KURUTAS, E. The importanceofantioxidantswhich play the role in cellular response against oxidative/nitrosative stress: currentstate. Nutr J 2016 Jul 25;15(1):71. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27456681/>.

KOPAEI, M., BARADARAN, A. e RAFIEIAN, M. Oxidative stress andtheparadoxicaleffects os antioxidants.J Res MedSci. 2013 Jul; 18(7): 629.Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3897036/>.

GINTER, E., SIMKO, V. e PANAKOVA, V. Antioxidants in healthand disease. BratislLekListy. 2014;115(10):603-6. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25573724/>.

BJELAKOVIC, G. et al.Antioxidantsupplements for preventionofmortality in healthyparticipantsandpatientswithvariousdiseases. Cochrane DatabaseSystVer 2012 Mar 14;2012. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22419320/>.

 

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