A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos anunciou que obteve uma decisão judicial multando a editora de periódicos acadêmicos Omics International, baseada na Índia, em US$ 50 milhões, por “práticas de negócios enganosas”.
A Omics é responsável pela publicação de centenas de periódicos científicos considerados predatórios – que aceitam publicar qualquer tipo de pesquisa, sem controle algum de qualidade, em troca de uma taxa cobrada dos autores.
Jeffrey Beal, o bibliotecário americano que se tornou uma figura-chave na campanha pela conscientização da comunidade acadêmica para o perigo dos periódicos predatórios, referiu-se à Omics, em declaração ao New York Times, como o “Império do Mal” da prática.
Editoras predatórias muitas vezes se aproveitam da intensa pressão por publicação a que pesquisadores – muitos, jovens em início de carreira, de países em desenvolvimento – se veem submetidos e oferecem espaço em seus periódicos, prometendo um processo regular de revisão pelos pares. Em vez disso, os trabalhos são aceitos em poucos dias ou mesmo horas, e a única exigência é o pagamento da tarifa.
Diversos periódicos predatórios já foram flagrados publicando artigos falsos criados especialmente para testar a sua integridade, ou mesmo oferecendo posição editoriais a cientistas inexistentes.
Ouvido pelo Times, o advogado do proprietário da editora, Srinubabu Gedela, disse que considera a multa injusta e recorrerá da decisão.
Carlos Orsi é jornalista e editor-chefe da Revista Questão de Ciência