Quando a estatística tenta derrubar a imprevisibilidade do futebol

Dossiê Questão
9 ago 2019
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No ano passado, ao final da temporada, o treinador francês do Arsenal, Arsène Wenger, anunciou que estava saindo do comando técnico da equipe inglesa. Talvez os diretores do tradicional clube inglês conheçam um pouco de estatística e saibam que não adianta muito ficar trocando de treinador toda hora. 

Wenger estava no clube desde 1996. Incríveis 22 anos, período longo mesmo para os padrões europeus, e apesar de vários títulos (três nacionais e sete copas inglesas) nunca conseguiu ganhar a Champions League. Foi vice em 2006. No mesmo período, aqui no Brasil, o Corinthians teve 29 profissionais no comando técnico do elenco. O mesmo número de Palmeiras e Santos. O São Paulo, que nos últimos anos também passou a trocar frequentemente de treinadores, achando que acabaria com o jejum de títulos que vem desde 2012, registrou 27 nomes. A seleção brasileira, também segundo números compilados pelo jornal Folha de S.Paulo, teve dez técnicos nos mesmos 22 anos.

Não que a análise de dados e as estatísticas esteja fora dos radares dos clubes brasileiros. Muito pelo contrário. Mas, no esporte bretão, o empirismo sempre esteve muito presente no dia a dia dos grandes clubes e das seleções. Até que ponto o talento, o super-herói no banco de reservas, treinando o time, ou o fator sorte, são mais importantes do que a análise de grandes conjuntos de dados e a ciência? 

No futebol, o ceticismo em relação aos números começou a cair faz bem pouco tempo. Mas hoje, treinadores que ainda se agarram ao romantismo do século passado, onde olheiros de confiança pescavam garotos pelos campos de terra batida do interior, tendem a desaparecer.

Fazendo as contas

O famoso 7 a 1 da Alemanha sobre o escrete nacional, no Mineirão, nas semifinais da Copa do Mundo do Brasil, começou, de fato, quatro anos antes, segundo Israel Teoldo, pesquisador da Universidade de Viçosa (MG).

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De acordo com ele, após a eliminação na semifinal da Copa da África do Sul para a Espanha, os alemães passaram a usar “big data” em suas rotinas cotidianas. A análise detalhada dos dados indicou qual caminho a Alemanha deveria seguir para evitar novos fracassos.

“A velocidade do passe entre os jogadores era lenta”, mostraram os estudos, e os alemães trabalharam para corrigir isso. Na Copa do Mundo do Brasil, a seleção nacional, dirigida por Scolari, sentiu, de forma inesquecível, a diferença. A média de tempo em que cada jogador da Alemanha ficou com a bola caiu de 3,4 segundos para 1,1 segundo. Mais velocidade. Mais eficiência. Mais gols.

Se o recorte for feito para o universo do futebol brasileiro, outro grande obstáculo precisa ser considerado. O conjunto de estatísticas disponível para analisar, com minúcias, o futebol e todas as suas variáveis é muito pequeno. Isso apesar de os times, principalmente os principais, da primeira divisão nacional, terem investido bastante em seus departamentos de análise de rendimento nos últimos anos.

De qualquer modo, as decisões de comprar ou vender alguém, ou então escalar ou poupar jogadores, são cada vez mais tomadas a partir de premissas científicas. Atletas com fadiga muscular ou com risco de arrebentar algum músculos são preteridos. Mas há uma cultura peculiar ao contexto brasileiro que ainda não está contaminada, vamos assim dizer, pelas estatísticas.

Subestimando o acaso

Na temporada de futebol de 2018, ocorreram 29 demissões de técnicos no Brasil. Apenas três clubes não demitiram. Cruzeiro, Grêmio e Internacional não conseguiram o título mais obtiveram a cobiçada vaga para a Copa Libertadores. O fato de o campeão Palmeiras ter mudado de treinador durante o campeonato pode dar a falsa ideia de que as mudanças são sempre positivas. Não é o que as pesquisas e os dados disponíveis mostram.

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Números publicados pelo jornalista esportivo Paulo Vinícius Coelho revelam que em 60 campeonatos nacionais, houve 12 casos em que o campeão mudou de treinador ao longo do certame. Em seu cálculo, PVC, colunista da Folha de S. Paulo e comentarista na TV fechada Fox Sports, considerou o atual Campeonato Brasileiro, disputado em diferentes formatos desde 1971, a Taça Brasil e o Troféu Roberto Campos Pedrosa, também conhecido como “Robertão”.

No cenário europeu, onde a troca de técnicos costuma ser menor, títulos e trabalhos de longo prazo também costumam andar juntos. Neste século, a Champions League, principal campeonato de clubes do mundo, teve apenas dois campeões com mudança de técnico no início da temporada. O inglês Chelsea, em 2012, e o Real Madrid, há quatro anos.

Salvo algumas exceções, como quando o clube está perto de uma tragédia, como cair para a segunda divisão a poucas rodadas do fim do campeonato, as estatísticas mostram que o resultado, aparentemente positivo, de trocar de treinador pode ser quase sempre explicado pelo fenômeno estatístico de regressão à média.

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O processo é simples. Inúmeros estudos, feitos em diferentes áreas do conhecimento humano, mostram que eventos excepcionais tendem a ser seguidos por eventos corriqueiros – é isso, afinal, que torna os eventos “excepcionais”. Assim, se um time de qualidade começa a sofrer uma sequência de derrotas, é de se esperar que a mera passagem do tempo acabe pondo as coisas de volta no lugar. Se, nesse intervalo, a equipe trocar de técnico, é provável que o novo profissional acabe recebendo crédito por algo que não passa de uma flutuação do acaso.

O mito do novo técnico

No mundo do futebol, um estudo feito com um conjunto grande de dados, na Holanda, ajuda a ilustrar a questão. O economista Bas de Weel fez a pesquisa sobre treinadores em 2011, com o objetivo de entender se a troca de gestores poderia aumentar a eficiência de empresas em geral. Ele resolveu apurar o desempenho  dos times de futebol da primeira divisão local, por 18 temporadas seguidas. 

Como grupo controle, Weel identificou 212 casos em que a média de pontos por jogo de um time caiu 25%, ou mais, em uma sequência de quatro rodadas, mas o técnico não foi demitido. Ele comparou esse grupo com equipes onde a pressão sobre o treinador ficou insustentável após a queda de rendimento também ter ultrapassado os 25% em quatro partidas consecutivas. O resultado derrubou o mito de que trocar o comando é sempre bom.

A pesquisa mostrou que o desempenho do grupo controle, onde o técnico foi mantido, melhorou pelo menos no mesmo ritmo dos clubes que contrataram um novo “professor”. “Os dados mostram que não houve melhora significativa de performance, como também indicaram outros estudos sobre o tema, em outros países europeus”, escreveu o economista holandês, na conclusão do artigo.

Em termos gráficos, os resultados são também bastante interessantes. Um clube qualquer está com um desempenho relativo – proporção de pontos ganhos sobre pontos disputados – de quase 100%.

Depois de cinco rodadas, por uma série de fatores inerentes ao futebol, como lesões ou suspensões por cartões amarelos ou vermelhos, e, claro, a sorte ou o azar, o mesmo desempenho relativo está por volta de 50%. Troca-se o técnico e, cinco rodadas depois, volta-se aos quase 100%. Mas o desenho, em forma da letra “V”, plotado sobre o gráfico de porcentagem de pontos ganhos pela equipe que trocou de técnico, é idêntico à figura que aparece em um eventual esquema visual de um outro time que manteve o comando inalterado.

A regressão à média mostra que o acaso está sempre presente não apenas no futebol, mas em todas as situações da vida. Ou seja, a sorte pode aparecer firme e forte em uma situação, fazendo por exemplo melhorar o saldo de gols de um time mas, em rodadas seguintes, aquelas bolas que entraram podem agora raspar a trave e sair. Ou seja, o azar, desta vez, é que vai equalizar o desempenho do time na tabela. 

Para além da situação da troca do treinador, outro problema importante surge quando se discute, com ou sem números, qual é o desempenho relativo de um time. O que, na prática, faz uma equipe ganhar ou perder um jogo específico? 

Jogo a jogo

A ciência, também nestes casos, tem algumas pistas para dar, apesar de não resolver de vez a questão. As principais ferramentas da estatística foram usadas pelos autores do livro “Os números do jogo” para esmiuçar o futebol. É interessante perceber como as análises derrubam teses daquele torcedor mais apaixonado, que se deixa levar apenas pela emoção.

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Qualquer pessoa que tenho ido a um estádio de futebol, seja no Brasil mas principalmente na Inglaterra, percebeu que o escanteio provoca um entusiasmo grande entre os torcedores do time que está atacando. Mas será que a intuição de que um tiro de canto é quase meio gol é válida?

Para que o gol saia, a não ser que o cobrador tente protagonizar um lance olímpico, algo que se vê cada vez menos, a cobrança de escanteio precisa resultar em uma finalização, normalmente de cabeça, que tem de balançar a rede.

Usando dados de vários anos da Premier League, a primeira divisão da Inglaterra,  Chris Anderson e David Sally, os autores da obra disponível em português com o subtítulo “Por que tudo o que você sabe sobre futebol está errado” chegaram a uma conclusão que talvez acabe com o entusiasmo pelo escanteio. E mostra que a jogada não é nada relevante para uma equipe chegar ao resultado positivo.

Quando combinaram a probabilidade de um escanteio gerar uma finalização e, na sequência, provocar um gol, os autores calcularam que uma cobrança de tiro de canto vale 0,022 gol. Ou seja, em média, um time da Premier League, que disputa 38 jogos em uma temporada, marca um gol de escanteio a cada dez jogos.

“Os times que chutam mais e ganham mais escanteios não marcam mais. O número total de gols marcados por uma equipe não aumenta junto com o número de escanteios obtidos. A correlação é, essencialmente, zero. Tanto faz ganhar um ou dezessete escanteios: isso não terá impacto significativo no número de gols marcados”, concluem.

Jogador a jogador

A análise de regressão – em que técnicas estatísticas são usadas para determinar quanto cada fator contribui para um resultado –  feita pela dupla, com o objetivo de mostrar se o craque realmente pesa mais do que o perna de pau no desempenho da equipe, trouxe outra revelação interessante, principalmente para os clubes que gastam milhões em atacantes estelares ou “galácticos”.

A base usada nos cálculos é o chamado ranking Castrol Edge, patrocinado pela Fifa. Com base em vários números de desempenho individual de todos os jogadores das primeiras divisões da Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França, os cinco maiores campeonatos europeus, gera-se uma tabela mensal que coloca, em ordem decrescente, todos os jogadores inscritos nas cinco competições.

A partir deste grande conjunto de dados, os autores do livro fizeram uma espécie de ranking relativo para cada time e descobriram que o elo mais fraco é mais decisivo do que o elo mais forte: os seja, evitar ter um perna de pau entre os titulares tem mais impacto nos resultados do que trocar um craque por outro, mesmo que o novo contratado seja um pouco superior.

O estudo mostrou que elevar o índice do ranking do pior jogador do time de 38% para 48%, por exemplo, renderia à equipe treze gols a mais no fim da temporada, ou nove pontos somados na classificação. Enquanto que melhorar o nível do principal jogador do time de 82% para 92% significaria cinco pontos a mais ao fim de um ano. Ou então, dez gols marcados.

A ciência, o big data e análises parrudas serão cada vez mais uma grande realidade do mundo do futebol.O que não significa, como também mostram várias das análises estatísticas, que o imponderável será banido das quatro linhas. “Apesar de todo avanço que tivemos em termos de ciência e análises, nunca vai acabar a imprevisibilidade do futebol”, afirma Teoldo, da Universidade de Viçosa. 

O futebol, mostram os números, é parecido com um jogo de cara ou coroa, com 50% de chances de sair qualquer um dos lados da moeda. E a moeda sempre pode parar em pé. O clube que conseguir diminuir o imponderável do jogo em 5% ou 10%, em um esporte cada vez mais nivelado, tenderá a ser campeão com muito mais frequência. O que também envolve um bom poder econômico para comprar jogadores e, ainda, investir em departamentos estatísticos de ponta. 

Neste contexto é que o futuro da profissão de técnico se enquadra. Os que souberem fazer gestão de grupo e, principalmente, pilotar os números para tirar o melhor desempenho dos elencos que comandam, vão ser mais vitoriosos. 

 

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Dados também mostram que não existe um modo certo de jogar para ser campeão. Para ficar em apenas uma das discussões atuais dos programas esportivos, a chamada posse de bola, que muitos acham ser fundamental para vitória, pode até ser um engodo. Se o time, por exemplo, não tiver capacidade técnica para controlá-la com perfeição. 

O chamado tiqui-taca, o estilo de jogo de trocar a bola de um lado para outro, sem muita profundidade, é uma das coisas que mais irritam Pepe Guardiola, o badalado técnico do Manchester City, apesar de muitos atribuírem a ele a criação deste estilo de jogo. O espanhol sempre gostou é de jogadores agressivos, que partem em direção ao gol adversário. Ele, inclusive, abomina o termo criado pela imprensa. O vitorioso treinador é um apaixonado pelas análises do futebol. Ele as usa, inclusive, no intervalo dos jogos, para mudar a história do placar, se for o caso.

Moneyball

A grande importância da análise robusta de dados estatísticos no mundo do esporte, o chamado big data, veio à tona no início deste século com a surpreendente campanha do Oakland Athletics na temporada americana de beisebol, a Major League Baseball, em 2002.

O esporte, super-apreciado pelos americanos, tem 30 equipes na mais alta categoria do profissionalismo mundial. Na temporada regular, cada um dos clubes joga 162 vezes. São todos contra todos. Os mesmos times podem enfrentar-se entre cinco ou seis vezes. Dez equipes têm chances de jogar a chamada pós-temporada, ou os playoffs.

Uma partida é dividida em nove tempos, as “entradas”. Estas etapas do jogo são também separadas em dois turnos. Na primeira parte de cada entrada, os visitantes rebatem as bolas. Em seguida, ocorre o inverso. Ganha o jogo quem conseguir dar mais corridas ao redor das quatro bases do campo de jogo. Cada um dos turnos acaba quando três rebatedores são eliminados pela defesa adversária. Não há empate. Novas entradas são jogadas, após a de número nove, até alguém conseguiu a superioridade no placar.

O coração do beisebol é o duelo entre rebatedor e arremessador. Mas o jogador que lança a bola não pode trapacear, ou seja, arremessar muito longe de um quadrado imaginário que existe ao redor do rebatedor. O atacante que não conseguir rebater a bola após três arremessos válidos está eliminado. Se ele rebate a bola, mas ela é pega no ar por um defensor, isso também causa sua eliminação. Se o atleta fora da base, correndo pelo campo, for tocado pela bola capturada um defensor, ele perde a chance de marcar pontos. Rebater o mais longe possível, mandando a bola para longe da defesa, ganhando tempo para correr pelas bases, é o grande objetivo do beisebol.

Como o jogo é calcado em rebatidas precisas e muita velocidade, as equipes sempre garimparam, a peso de ouro, talentos com boa velocidade, ou que rebatiam muito bem. Isso, até acontecer, em 2002, a histórica série de 20 vitórias consecutivas de uma equipe que tinha o terceiro pior orçamento da multimilionária liga. Feito que levou o Oakland, da Califórnia, para os playoffs daquela temporada. 

O segredo usado pelo gerente geral do clube, Billy Beane, retratado tanto no livro de 2003 quanto no filme “Moneyball” (a película de 2012, estrelada por Brad Pitt, teve seis indicações para o Oscar, inclusive a de melhor filme), foi usar o grande conjunto de dados que existe no beisebol a seu favor. E de uma forma diferente da que todos faziam.

A principal sacada estatística de Beane, que também daria certo, com algumas adaptações, outras vezes nos 15 anos seguintes, foi mudar a forma de analisar a capacidade ofensiva de um jogador. Até a mudança, a praxe no beisebol americano era valorizar jogadores pelo número de rebatidas que davam, em média, ou pela velocidade com que corriam durante as partidas.

O executivo do Oakland, entretanto, representado por Pitt no filme que no Brasil foi traduzido para “O Homem Que Mudou o Jogo”, passou a rastrear jogadores pela frequência com que atingiam uma base. No beisebol, os pontos são somados quando o mesmo jogador consegue percorrer todas as quatro bases do campo. Como os indicadores que passaram a ser usados em Oakland não eram os mais valorizados pelos outros grandes clubes, foi possível comprar jogadores mais baratos para a temporada. Na prática, eram atletas que estavam subvalorizados no mercado.

Números mais recentes, do ano de 2012, realçam a diferença de investimento feito pelo Oakland. O clube californiano, que desde os anos 1980 não é campeão da liga de beisebol, também obteve a vaga para a pós-temporada há sete anos, mas ainda não conseguiu levantar o principal troféu da modalidade com este esquema bom e barato.

O que não significa que ele não esteja sendo copiado por outros times.

De acordo com dados da ESPN, na temporada de 2012, times como Philadelphia Phillies (US$ 173,5 milhões), Los Angeles Angels (US$ 154 milhões) e Boston Red Sox (US$ 146,3 milhões) investiram grandiosos orçamentos no salário dos jogadores, mas não conseguiram chegar aos playoffs. Enquanto o Oakland A’s desembolsou apenas US$ 49,1 milhões em 2012 em salários – 30ª folha salarial da temporada e última na lista dos times da Major League.

O sistema de se buscar um jogador pela frequência com que ele atinge uma base, uma década depois de ser criado, continuou dando resultados. Na chamada temporada regular de 2012, por exemplo, Josh Reddick liderou o número de rebatidas que permitem que o rebatedor percorra todas as bases do campo numa só corrida, os “home runs”, da equipe, com 32. Ele ganhava US$ 475 mil por ano. Valor muitíssimo inferior ao pago a Alex Rodriguez, do New York Yankees, que ganhava US$ 30 milhões por temporada (salário mais alto da MLB) e conseguiu 18 home runs. Um “home run” equivale a quatro pontos no placar.

 

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O sucesso esportivo e financeiro do Oakland, mesmo sem título, funcionou como um grande holofote para executivos, estatísticos e analistas de rendimento em geral. E em outros esportes – mais populares internacionalmente que o beisebol – também.

Eduardo Geraque é repórter, com doutorado em jornalismo e meio ambiente pelo Prolam da USP

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